Nos dias 20 e 21 de abril de 2017, tivemos a oportunidade de conhecer as Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, localizado entre Santos e São Vicente. Este monumento pertence à Universidade de São Paulo e é tombado patrimônio histórico e cultural nos âmbitos nacional, estadual e nacional.
Fazendo um link com a primeira aula da disciplina, onde foi discutido o conceito de meio ambiente, minha perspectiva sobre tal foi alterada. Com a experiência de visitar o Engenho, pude perceber – colocando em prática - que as alterações no meio as relações sociais que são criadas nele são extremamente importantes para a formação do meio ambiente.
Para mim ficou muito evidente que o ser humano deve ser totalmente incluso quando falamos de meio ambiente, que somos parte íntegra dele, se diferindo de como tratamos hoje, onde o homem é colocado como um fator extremo do ambiente. Nesta experiência, fui para a viagem sem expectativas e de mente aberta para que o ambiente e tudo o que fosse discutido pudesse ser acrescido na minha formação, como bióloga e pessoa, e trabalhasse em conjunto com minhas experiências passadas.
Quando estudamos os ambientalistas e todas as conferencias que ocorrem para discutir questões ambientais, notou-se que muito ainda deve ser feito para que os assuntos que são discutidos nessas sejam colocados em prática, até porque a parte burocrática e jurídica é bem complexa e muitas vezes colocam barreiras que impedem isso. Desta forma, gera-se um sentimento de incerteza e necessária conscientização para que possamos cobrar uma atuação afetiva nesta área.
O que eu pude perceber no engenho é que há a atuação prática de profissionais com o fim de gerar uma conscientização ambiental na população, já que o engenho, além de ser um centro de preservação do patrimônio histórico, é um importante centro educacional, contando com a participação e conscientizando alunos e professoras de diversas escolas da região. Com a realização do projeto de plataformas suspensas e móveis sobre as ruínas do engenho, será possível, ao mesmo tempo, a realização de estudos arqueológicos e visitas monitoradas, possibilitando uma experiência ainda mais enriquecida para os visitantes, além de fazer possível a visita de pessoas com deficiências físicas.
O engenho apresenta diversos projetos pedagógicos que são aplicados durante as visitas monitoradas das escolas que visam sempre uma interdisciplinaridade com a parte biológica e histórica presente no engenho e até mesmo fora dele. Durante a visita, percebi a tamanha importância que tem o educador em espaços como este. O Engenho por si só é um local pequeno e que se visto pelo visitante sem nenhuma conversa com o educador, aquele local não passará nada mais do que um local muito antigo. Porém, com a discussão com o educador sobre tudo o que aconteceu ali na época, o porquê do engenho ter sido construído de tal forma e etc, o visitante mergulha em um universo único e sente na pele o que aconteceu naquele mesmo local há anos atrás.
Desta forma, biólogos, principalmente os que têm formação em licenciatura, podem atuar como o André Müller, o qual foi nosso anfitrião durante a visita. Tais profissionais podem passar aos visitantes diversos conceitos de biologia, agregando sua bagagem de conhecimento num ambiente mais descontraído e também conscientizá-los sobre o meio ambiente e questões ambientais.
Infelizmente, projetos como este demoram a mostrar resultados efetivos, devido a falta de procura do público. São necessários anos de investimento pessoal para que o projeto dê certo e atinja a população.
Relato de experiência
por Beatriz Heloísa Valezio
As ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos foi apresentada à turma da Biologia da USP-RP no dia 20 de Abril de 2017. Chegando lá, fomos à uma sala apropriada para palestras pelo educador André Müller o qual nos relatou sobre a história do engenho. À cerca da paisagem ao nosso redor ele nos informou que na época em que o engenho estava na ativa, e isto foi em meados de 1533, a vegetação tal qual se encontrava ao redor das ruinas do engenho conferida no dia 20, simplesmente não existia pois se tratava de um ambiente muito desmatado e as plantações que haviam ali por perto era as de cana-de-açúcar justamente para abastecer o engenho. E que a área atrás do engenho (de conservação, hoje) foi e está ainda sendo feita pela USP e tem sido um trabalho difícil que conta com a participação, inclusive, de plantar sementes nativas. Tal fato demonstra o quanto que a conscientização ambiental mudou ao longo do tempo e o quanto as áreas de conservação são importantes e estão sendo bem cuidadas e direcionadas com o apoio de universidades sérias na recuperação de matas.
Relembrando os primeiros dias de aula em que a professora nos deu a oportunidade de conversar sobre o que consideramos “meio ambiente” uma definição abrangente e resumida da aula ao qual chegamos foi de que o meio ambiente é um espaço de interações muito amplas e que atinge patamares de acordo com seu contexto e significado e (alguns, nem todos) concordaram que a ação do homem faz parte deste ambiente também visto que ele também faz parte da natureza. Enfim, ao se escutar a narrativa de como o engenho foi construído foi bem isso. Pois ao se construir o engenho, não foi algo aleatório. Por exemplo ele se encontrava no alto, por motivos de obtenção de energia e irrigação da colheita; longe do porto para evitar de ser saqueado por piratas. Logo, tem-se aqui neste exemplo o meio ambiente servindo apenas como instrumento/ferramenta para a ação humana, mas que não deixa de ser uma relação “meio-ambiente” por definição, mesmo, aparentemente, não tendo tanto “zelo” pelos recursos naturais, só de exploração.
No segundo dia, o educador nos apresentou alguns dos seus projetos direcionados aos alunos do ensino fundamental. A atividade era um trecho da carte de relato do padre Anchieta que descrevia sobre os animais que ele encontrou nos arredores do engenho (do século XVI) e que as crianças deveriam adivinhar de qual animas se tratava bem como desenhá-lo. Esta atividade foi muito enriquecedora pois além de atrelar fatos históricos reais ela também trouxe à tona de que meio-ambiente é interação com os animais também além de ser um exemplo “ativo” ao oferecimento de educação ambiental pois esta está garantida na constituição federal (primeiro dia de aula) e as ruínas do engenho está cumprindo um papel de garantir, oferecer, uma oportunidade para os alunos exercerem seus direitos garantidos e contribuindo para a cidadania, desse modo. Como o engenho ficou fechado durante 38 anos para as pesquisas, agora estão divulgando e restabelecendo a ligação com a população de Santos para que os moradores possam entender a importância daquele lugar à ponto de ele adquirir um significado maior em suas vidas. Também fomos informados da construção de uma plataforma no engenho para que se consiga conciliar visitação e pesquisa arqueológica ao mesmo tempo.
Com tudo o que nos foi apresentado, as palavras “da nuvem” feitas após seminários da disciplina, ganham um novo fôlego no sentido de que as palavras “incerteza, desânimo e inconsistência” já foram, pelo menos para mim, re-analizadas e tendo por base o que as ruínas do engenho representa têm-se um belo exemplo de “conscientização, aprendizado, informação e responsabilidade”(as outras palavras de destaque da nuvem) dando um indicativo de que sim, tem-se possibilidades e condições de montar um projeto sócio-ambiental e ele ser bem executado e atingir não só pesquisadores da área bem como um público amplo (ensino fundamental até universitário até gringos interessados em observação de pássaros – outros projetos).
A ida as ruínas serviu para afirmar que o aprendizado não se dá somente em sala de aula e que conhecendo novos lugares e observando de perto um projeto (as ruínas em si) com uma preocupação histórico-cultural e sócio-ambiental é importante na formação de um biólogo. Pois, a carreira de biologia oferece uma gama muito ampla de oportunidades de onde atuar. E, conhecendo mais uma possibilidade de atuação do biólogo como esta serve como oportunidade de “ver de perto” como, de fato, ele atua e sanar muitas dúvidas. Em um curso de biologia seja bacharel e licenciatura não fornece tantos instrumentos para sair especialista em educador ambiental (não 100%) mas também não é negligenciado é bem trabalhado e conscientizado sobre o assunto e o aluno que se encaixar neste perfil irá buscar mais ferramentas para se especializar (por exemplo em pós-graduação). Mas sem dúvida, conhecer as ruínas nos proporcionou um ambiente de conscientização ambiental muito diferente do que foi tido em sala de aula, foi algo como visto na prática, foram dois dias de laboratório de educação ambiental.
Relato de experiência
por Larissa Nunes Durigan
Nesta abordagem geral em relação ao tema ambienta, cabe ser feito uma abordagem histórica dos movimentos e visões ambientalistas em diversas épocas, e inclusive do histórico das leis ambientais.
A começar pela diferenciação que se dá entre os termos conservar e preservar, que ocorre nos E.U.A. No final do século XIX onde a ênfase do preservacionismo recaía, principalmente, sobre a necessidade de proteção dos enclaves naturais contra os avanços do progresso e degradação. Enquanto o conservacionismo propunha o manejo criterioso dos recursos.
No Brasil em 1988 o meio ambiente surge com especial destaque tendo um capítulo próprio na constituição, o artigo 225 em conceito tem uma visão conservacionista onde é permitido intervenções no meio desde que com “cautela”, e isso se dá devido a percepção humana da importância que o meio ambiente tem para a saúde, qualidade de vida e sobrevivência humana.
Este meio ambiente, no qual alguns autores defendem a ideia de ser chamado somente de meio, no qual uma grande metrópole seria o meio do homem urbanizado, e assim existem vários tipos de meio ambiente, e na tentativa de encontrar “sinapomorfias” entre esses meios pode se dizer que esse meio envolve coisas vivas e não vivas ou biótico e abiótico, e esses irão interagir de acordo com a forma que evoluiu por seu aporte genético, e a cultura determinada por uma espécie viva.
E os movimentos ambientalistas foram heterogêneos feixes de correntes de pensamentos e movimentos sociais que defendem hábitos e valores da sociedade de modo a estabelecer um paradigma de vida sustentável.
Pode ser percebido que os movimentos ambientalistas ocorreram há muito tempo como os babilônios que tinham leis para a proteção das margens dos rios e canais, ou no banimento do carvão em 1272 na Inglaterra pelo rei Eduardo I, por conta da fumaça emitida na queima.
Algo um tanto frustante tem sido a dificuldade na qual os variados movimentos ambientalistas tem enfrentado para se ter alguma aceitação pela população e autoridades, sendo deixados sempre em segundo plano, sofrendo oposições e tendo que ser “engavetados” durante as grandes guerras mundiais.
Em 1532 é fundada a vila de São Vicente que marca o inicio da manofatura açucareira de larga escala no Brasil. O local de produção de açúcar o qual era exportado para a Europa tendo naquela época um valor bem elevado, tem suas ruínas preservadas trazendo partes sólidas de história, o local que já foi desmatado para a produção e plantação de cana hoje se encontra encoberto por mata atlântica, onde pode ser visto o impacto que as manofaturas causam ao meio desmatando toda uma floresta.
Atualmente o engenho é utilizado como um espaço educador multidisciplinar, onde o papel do biólogo ocorre juntamente com arqueólogos, historiadores, geólogos, químicos, pedagogos, e uma gama de profissionais trabalhando em comum, saber sensibilizar a comunidade com todo esse trabalho e história relacionado ao ambiente é o que garantirá a preservação e aproveitamento daquele espaço, permitindo a todos uma visão romântica e holística em relação ao homem e a natureza.
As atividades ocorridas nas ruínas do engenho São Jorge dos Erasmos, permitem a compreensão do papel de um biólogo educador ambiental em sua multidisciplinaridade, como alguém que saberá achar o “ponto da curva” ideal entre as necessidades humanas e o respeito a natureza, irá adaptar soluções que não afete a natureza ou minimize os danos. Como na solução para a água que estava se empoçando sobre as rochas e sendo foco de Aedes aegypti, produtos químicos iriam causar um maior impacto que um saquinho permeável com sal grosso que estava resolvendo o problema.
Em geral os movimentos ambientalistas em tentativa de conservação tem sido um pouco frustantes principalmente no brasil, um lugar onde mais matam ambientalistas quando comparado com países de todo o mundo. Em contrapartida, essa viagem as ruínas do engenho permite aqueles que vão uma esperança que se dá por meio da educação ambiental, onde ocorre uma identificação dos patrimônios naturais e históricos como parte de nossa identidade, como algo importante para todos através do reconhecimentos da história e das características daquele meio, é possível despertar comoção e identificação por ele, e como consequência, a conscientização do quão importante é mantê-lo e preservá-lo.
Relato de experiência
por Rafael Cabral Domingues
Primeiramente gostaria de agradecer a professora, a Gisele e ao Bruno, por essa viagem, muito marcante na minha vida. Minha expectativa era que o engenho fosse enorme, rústico. Mas para minha surpresa aquele ambiente era pequeno, com alguns vestígios de paredes, entretanto cada pedacinho do engenho tinha uma história, uma sentimento, uma curiosidade, marcos sócio-culturais, história brasileira e das explorações das Américas. Ou seja, mesmo aquele lugar não funcionando mais como engenho era possível vivenciar todas essas experiências, graças a preservação e conservação desse meio ambiente, conceito no qual se tornou mais amplo e complexo e não é mais apenas relações entre fatores abióticos e bióticos, mas também, de fatores históricos, sócio-culturais, e um sentimento de proteção e aproximação do homem ao meio, a visão mais clara de que o homem faz parte do meio ambiente e que esse meio ambiente é essencial a vida em vários aspectos como o histórico e sócio-cultural que pude observar no engenho.
Além disso, ao redor do engenho havia uma linda serra de mata Atlântica e nossa primeira atividade prática foi explorar o engenho e descobrir o porque do engenho ter sido construído ali e qual função de cada estrutura que restava em pé e as que só existem alguns vestígios, foi uma atividade muito bem elaborada pelo André, já que depois ele contou todas as histórias de como surgiu o engenho, falou das invasões piratas, dos índios escravizados, pude notar que o meio ambiente conta sua história de diversas formas, como por exemplo, uma floresta sem liquens e sem briófitas pode indicar poluição, sendo assim, deve haver algum motivo/ história para isso,o qual basta ser desvendado, assim como no engenho tem bastante teorias sobre a forma, por exemplo, e isso é algo muito importante e que deve ser explorado pela educação ambiental que seria dar suportes e sensibilizar as pessoas para que conheçam e preserve, ainda mais um lugar como o engenho que conta a história do seu país e que tem muitas perguntas sem respostas ainda.
Foi bem nítido as tentativas dos projetos do engenho na fala do André, para conseguir participações da população no monumento, pois só com pessoas é possível colocar a educação ambiental em pratica, discutir problemas e situações, tudo isso surgiu com os movimentos ambientais. Com a nossa nuvem de palavras elaborada na sala de aula, estava com aquele sentimento de incompetência, de desanimo, mas com a visita no engenho pude aprender que sim, é difícil, é desafiador, mas dá bons resultados, mas é uma luta incansável, é brigar com cobras e ser um rato, porém há muita gente que se importa com o meio ambiente, então eu diria que é uma família de ratos contra as cobras.
Nas atividades de jogos do André foi interessante as discussões em grupo, mais especificamente no jogo onde era proposto um problema ambiental e tínhamos que escolher 5 profissionais para resolver tal problema ou situação, então foi interessante ouvir as observações dos colegas e discutir, confesso que fiquei animado e fizemos bem mais rodadas do que foi proposto. Acredito que jogos sejam uma boa técnica para percebemos que em toda discussão, sensibilização ou construção do conhecimento é necessário ter um educador e planos pedagógicos. Para isso, é necessário projetos de educação ambiental que devem ser bem elaborados, diversificados e sempre criando mais atividades para sempre ter um público fixo que participe das atividades do engenho.
Acredito que com essa viagem foi possível adquirir um conhecimento sobre atividades de educação ambiental que foi incorporada ao meu currículo, pois não são apenas disciplinas um currículo, uma identidade, mas também as experiências se tornam novo referencial teórico, ate porque acredito que nenhuma matéria colabora para trabalharmos com educação ambiental assim que nos formarmos, a única que chega mais perto é essa disciplina “Educação ambiental” que nos dá subsídio para discutir, sensibilizar a população e nós mesmo sobre a importância da educação ambiental e do meio ambiente.
Relato de experiência
por Jéferson Pedrosa dos Santos
As ruínas do engenho dissipou-se de forma enigmática no gramado em relação às histórias e significâncias que cada pedra ali disposta poderia contar. De certa maneira, esse clima de mistério nos auxilia na tentativa de entendimento das diversas possibilidades de disposição da área, bem como do porque da escolha de sua localização. Essa percepção minha inicial foi obtida pelo estimulo do Andre, educador do engenho, de explorar o local e todas as suas riquezas de detalhes. Com a realização dessa atividade, me surpreendi com a importância educativa de perceber que nada que já foi descoberto ali está concretizado, que as perguntas ainda não foram respondidas. Essa minha surpresa se deu pelo fato de realmente estar esperando que me fossem fornecidas apenas as respostas e que nenhuma reflexão minha fosse estimulada.
A partir dessa atividade, me senti capaz de fazer inferências com o conteúdo que havia obtido em aula, bem como me sentir mais esperançosa diante da impotência que muitas vezes sentimos diante da situação ambiental. Tal esperança se deu diante da percepção de como o engenho, que causou certo impacto ambiental com sua instalação e consequente desmatamento, pôde se tornar um local que procura integrar a comunidade num aspecto sócio-cultural e educativo, puxando para um viés completamente diferente que não o econômico. Me questionei também em relação ao meu conceito de meio ambiente, já que em aulas anteriores me limitei muito a apenas abrangir áreas que não tivessem sofrido interferência humana, sem áreas urbanas, a definição clichê de fatores bióticos e abióticos. Mas com essa visita percebi que mesmo áreas que sofreram interferências deveriam ser consideradas como pertencentes ao meio ambiente, especialmente quando se tratam de áreas como a do engenho, já que nos auxilia na promoção de uma consciência através do contexto histórico em que se insere e das atividades que ali são realizadas.
Outra experiência que me marcou muito foi em relação à discussão do papel do biólogo como educador durante a realização de uma dinâmica. Me impactou o comentário de uma colega que disse que muitas vezes quem não faz licenciatura em biologia se sente imune desse papel, que ficará restrito a uma bancada de laboratórios e pronto. Me senti determinada a desenvolver mais esse meu lado de educadora pois percebi que me enquadro muito na definição que ela compartilhou e o quanto esse papel é importante.
Na intenção de pensar como desenvolver esse papel, especialmente em relação a Educação Ambiental, percebi como o desenvolvimento de determinadas estratégias de ensino são essenciais. Tal consciência foi obtidas pela observação dos diferentes tipos de atividades que são estabelecidas no engenho. Dois quesitos importantes foram marcantes para mim para auxiliar na formulação dessas atividades: a necessidade de fazer com que o individuo se sinta realmente conectado ao que esta sendo ensinado para que possa se sentir estimulado a lutar pela preservação daquele local ou ate mesmo tradição e não causar um sentimento de impotência logo de imediato durante a atividade.
Apesar da “consciência” da necessidade de elaboração dessas estratégias, percebo o quanto ainda há lacunas na formação inicial já que normalmente não somos preparados durante a graduação para o desenvolvimento de projetos voltados para essa área. Há casos como o meu, onde nem licenciatura esta sendo feita para pelo menos tentar se obter uma visão mais holística acerca do assunto como também às vezes não há possibilidade de fazer uma disciplina como a que estamos cursando que possui um enfoque direto na educação ambiental e que nos ajude a refletir sobre essas questões.
Portanto, a visita ao engenho provocou reflexões importantes não só relacionadas à educação ambiental como também co meu papel como educadora. Uma viagem que antes idealizava como sendo apenas para conhecer o local e as atividades que ali são promovidas tomou proporções antes inimagináveis. O engenho não se trata apenas de um local que permite uma inserção histórica e sócio-cultural, trata-se também como importante agente no movimento ambientalista, procurando preservar a mata que lhe envolve. Ao pensar nas palavras que foram mencionadas durante a aula de movimento ambientalista e como “impotência” havia sido uma das mias mencionadas, conhecer o engenho permitiu obter um pouco mais de esperança em relação ao que a execução de projetos de educação ambiental pode resultar de beneficio, mesmo com a consciência de vários desafios e lacunas que existem na nossa formação que possam criar empecilhos.
Relato de experiência
por Ana Carolina Lunardello Coelho
Na primeira aula desta disciplina, nós realizamos uma atividade que se dividiu em um texto contemplando as nossas percepções sobre a definição de meio ambiente e sua abrangência e um mapa conceitual sobre o que foi relatado nesse texto. Nessa atividade eu havia dado ênfase a definição que se referia a relação entre o meio físico (componentes abióticos) com os componentes bióticos, especialmente os seres humanos, considerando sua capacidade de modificar o meio e ressignificá-lo. Posteriormente fizemos em sala, uma análise critica do artigo 225 da constituição (“todos têm direito ao meio ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”).
Diante desse primeiro momento da disciplina, a visita a Santos foi bastante ilustrativa, visto que pude verificar na prática aquilo que a classe houve discutido – Explico:
O Engenho São Jorge dos Erasmos é um espaço físico delimitado e composto por elementos físicos, bióticos e abióticos – Podemos lê-lo como “ruínas do primeira engenho de açúcar a entrar em atividade no território nacional, as quais são enquadradas por um fragmento de Mata Atlântica secundária e pela área urbana da cidade de Santos”. Apesar de ser uma definição plausível e, ao meu ver, correta, não abrange fatores importantes e intimamente relacionados àquele ambiente, fatores esses discutidos na primeira aula. O primeiro deles que é indispensável na análise do espaço é o tempo – o estado atual do engenho, em ruínas, se deve a erosão e intemperismo ocorridas ao longo do tempo, desde sua construção em 1534 ordenada por Martin Afonso de Souza até os dias atuais, em que há uma preocupação de várias estâncias da sociedade em relação a preservação deste patrimônio. Passando por um período de descaso, no qual o engenho estava “engolido” pela floresta. Todos esses momentos ao longo da cronologia do patrimônio foram intensos modificadores dele e só podemos analisar seus efeitos quando consideramos sua demarcação temporal.
Outro fator a ser levado em consideração é a ação antropológica. Na verdade, esse fator é absurdamente importante, visto que desde sua construção até seu uso enquanto Monumento Nacional, observamos que as atividades ali realizadas foram/são feitas por pessoas e para pessoas. Vários tópicos poderiam ser discutidos e apresentados aqui trazendo a relevância de atuação das pessoas, direta e indiretamente, sobre a historia e identidade do engenho, porem o tempo não permitiria, assim como o bom senso para com os leitores desta narrativa. Aquilo que primeiro vem a cabeça neste contexto é a própria construção do engenho por índios aliciados no Brasil no começo da colonização e o posterior uso de sua mão de obra para a produção de açúcar a partir da cana – Foram pessoas que deram vida ao espaço e que, concomitantemente, tiveram suas vidas modificadas por ele; muitas foram obrigadas a submeter suas crenças aos mandos e recomendações dos católicos que neles mandavam, caracterizando etnocídeo, enquanto também tinham seus corpos e saúde prejudicados pelo local de trabalho extremamente degradante. Pensando num momento um pouco posterior a construção do engenho, temos o estabelecimento da vila socialmente estruturada ao seu redor (objetivo de sua construção) e a atuação dos moradores dali enquanto trabalhadores e compradores dos pães de açúcar (embora em primeiro plano, o açúcar fosse destinado a Europa, em especial aos holandeses), assim como a influência da presença daquele centro comercial em suas vidas – Para exemplificar essa segunda afirmação temos o episódio de invasão e saqueamento da vila na noite de Natal de 1588 por piratas, na qual houve incêndios e perseguições de mulheres e que gerou inúmeras consequências sobre a estrutura econômica da região assim como sobre o psicológico dos moradores.
No que tange as discussões sobre movimento ambientalista ao longo da Historia durante a aula, vimos que houve uma progressão de ideias num sentido crescente de abrangência daquilo que deveria ser considerado como objetivo de estudo, preocupação e análise dos ambientalistas. Partimos de uma visão bastante restritiva, que considerava fenômenos mais isolados e que sujeitava a participação ativa dos seres humanos nos problemas ambientais como o aquecimento global, e seguimos para uma visão mais associativa e contempladora, isto é, o movimento se direciona para uma analise de fenômenos que procura interrelacioná-los entre si e com todo o contexto social e histórico que o envolve, interpretando a realidade como uma rede holística de fatos ideais. Durante a visita ao Engenho, pudemos ouvir o relato do educador responsável, André, tratando dos estudos realizados ali por arqueólogos, antropólogos e outros profissionais no cemitério ali encontrado – Para construir conhecimento a respeito daquilo que foi descoberto ali, foi necessário considerar muitas variáveis tais como o clima da época de atividade do cemitério e da época das escavações; as etnias e respectivas crenças daqueles que foram encontrados ali, o que implicaria nas diferentes orientações e posições de mão dos corpos; o uso ou não daquele espaço como instrumento de educação ambiental na atualidade, o que implicaria em diferentes métodos de conservação das coisas; etc. Nos foi dito também que não poderíamos pisar no local onde estava enterrado o cemitério, pois podíamos alterar o local. Alem disso, soubemos do projeto de construção de passarelas elevadas no espaço para que as pesquisas pudessem ser retomadas sem interferência física no espaço (poderia alterar os estudos) e para que elas pudessem ocorrer simultaneamente as atividades educativas. Vimos então que a equipe responsável pelo Monumento se encaixa na vertente atualizada, abrangente e associativa do movimento ambiental, esta, tentando analisar o espaço da múltiplas éticas e conferir a ele variados usos.
Por fim, mas não menos importante, gostaria de abordar a atuação do educador que conduzia nossa visita. Diante do que ele próprio expôs como funções e desafios de um educador ambiental, eu o considerei um profissional exemplar! Um educador ambiental não tem apenas a função de incitar a conscientização das pessoas de que “lugar de lixo é no lixo”, aliás essa é uma banalização bem comum que ouvimos por aí, ele tem um trabalho minucioso de sensibilização das pessoas (*um educador não conscientiza ninguém, apenas incita essa conscientização nas pessoas, visto que esse é um movimento individual, de fora para dentro) enquanto membro de um superorganismo, a terra, intensamente influenciado por aquilo que acontece a ele e intensamente responsável por ela – Nessa posição é preciso que o educador tenha a capacidade de fazer seus interlocutores entenderem sua existência dentro desse contexto holístico, para que então eles possam dar importância aquilo que acontece, ou ainda não acontece, no meio ao seu redor, considerando as inúmeras escalas espaciais, desde sua casa, até o continente vizinho.
Infelizmente a tarefa desse profissional não é simples, é necessário lidar com diferentes públicos, com diferentes mentalidades e diferentes histórias de vida. Nesse sentido, vi que o André e sua equipe possui diversos matérias de trabalho, flexibilidade durante seu discurso para caminhar seguindo o perfil dos interlocutores e fazê-los protagonistas da construção da consciência ambiental.
Como estudante da USP, vejo que há uma deficiência na noção de realidade de nós estudantes. O perfil é de uma pessoa de classe media que não tem muito contato com realidades diferentes da sua e acredito que essa deficiência afeta a nossa atuação enquanto integrador de informações acadêmicas, experiências cotidianas no intuito de despertar sua consciência social – Como sensibilizar alguém cuja realidade não se conhece?
Relato de experiência
por Ana Carolina Ferreira
O Ambiente, por si, pode ser interpretado e entendido por diferentes perspectivas e definições. Pode ser conceituado como qualquer contexto em que um indivíduo se insere e estabeleça interações com seus componentes. O ambiente é tanto coletivo quanto individual. Para um indivíduo o ambiente é seu contexto de desenvolvimento ou aprendizado individual, e é delimitado pela perspectiva e repertório (seja biológico, cultural ou social) do indivíduo em interação com o meio. Muitas vezes, por outros indivíduos, semelhantes ou não, constituírem também o ambiente, o ambiente de inserção e desenvolvimento é coletivo.
Para nós humanos, a muito, nosso ambiente abrange praticamente todo o planeta e uma enorme gama de componentes e variáveis. Nosso ambiente ele é biológico, ecológico, social, cultural, econômico e virtual. Em âmbito ecológico, a fins de manter interações saudáveis com o meio, já estabelecemos muita normas de “boa conduta”. Nossa legislação ambiental visa a manutenção de um ambiente “em equilíbrio ecológico para o bem de uso comum e essencial a uma sadia qualidade de vida, preservando-o para as presentes e futuras gerações.”
Ter ciência da necessidade de um ambiente ecologicamente equilibrado e saudável, faz-se necessário que a sociedade como um todo exerça participação ativa na manutenção do meio. O Reconhecimento desta responsabilidade não é de conhecimento de toda a sociedade por conta de falhas no processo de educação e formação cidadã, e por conta disso o papel de educadores para esta finalidade é crucial. O Educador ambiental vem com a responsabilidade e função de estimular a ideia de coletividade para com o ambiente e ressaltar sua importância através do esclarecimento de pontos fundamentais (conceituação, representação social, etc) à população. Sendo assim, o trabalho de educação ambiental não somente é ensinar a concepção de ambiente como adaptar a compreensão do ambiente de acordo com a realidade dos grupos alvos.
Em nossa viagem didática para Santos (SP) no dia 20 de Abril de 2017, fomos ao Sítio Arqueológico do Engenho de São Jorge do Erasmus. O Engenho é um órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo, situado na divisa entre os municípios de Santos e São Vicente, no estado de São Paulo. As ruínas presentes no sítio arqueológico é considerada a mais antiga evidência física preservada da colonização portuguesa em território brasileiro e sua data de construção remontam a 1534. Por conhecimento do lugar, ficamos sabendo de todo o contexto da época, entre detalhes econômicos e políticos que, em parte, implicaram na construção da história Brasileira. Além de um dos engenhos mais antigos, para a época de funcionamento, ele era considerado o maior em atividade. Sua localização, atrás do morro, e um pouco mais a dentro do continente condizia com estratégias de segurança a ameaças nas proximidades do porto e de distribuição da mercadoria país a dentro. Toda a história do Açúcar no Brasil e suas implicações políticas e econômicos de certa formas encontram-se atreladas a esse local.
O engenho, hoje, encontra-se frente a um parque de conservação (o qual a USP teve participação na recuperação da vegetação nativa), e além de todo o conhecimento histórico e arqueológico do lugar, os assuntos de conservação e manutenção de ambientes naturais como aquele são discutidos. Diferentes públicos são recebidos na unidade, desde crianças de escolas públicas e particulares de diferentes idades, alunos universitários, à pesquisadores, turistas e outros interessados. Para cada tipo de grupo eles possuem abordagens e atividades diferentes das mais variadas possíveis, de forma que uma visita ao lugar jamais se torne batida ou desinteressante. O público local é atendido também, com ressalva feita pelo educador de que há muita resistência por parte deles, mas que ainda assim persistem em desenvolver projetos e atividades de extensão com a vizinhança a fins de criar neles um sentimento de acolhimento e apropriação daquele ambiente.
Apesar de toda a temática do lugar se entorno de um contexto histórico, o fato do educador ser biólogo, nos mostrou o quão eficiente foi seu desempenho interdisciplinar ao conversar toda a riqueza histórica do local com realidade atual a nível ecológico e social. Por fim, posso dizer que a viagem foi de grande acréscimo a nossa formação, abrindo meus olhos à um maior número de portas de atuação como biólogo mesmo fora da biologia sensu stricto.
Relato de experiência
por Wilson França
Confesso que a princípio eu achei a viagem um pouco deslocada da disciplina, e que nesse começo eu não consegui conectar ela com a disciplina, afinal o Engenho dos Erasmos tinha um foco mais histórico, mais cultural, deixando o lado ambiental mais de lado, essa pelo menos foi minha percepção inicial, estava eu entretanto errado. Ao longo dotempo, fui refletindo sobre a viagem e percebi meu pensamento, minha linha de raciocínio não estava batendo com qual escrevi na atividade sobre o conceito de meio ambiente. Eu estava adotando uma visão cristalizada em minha mente de noção estritamente científica de “meio + fatores abióticos”, e acabei me esquecendo de que (em minha visão, baseando-se nos conteúdos vistos na disciplina até agora) o meio ambiente é um conceito misto entre conceito científico estrito e conceito social.
Se no outro texto eu defini que o meio ambiente era tudo (florestas, matas, cidades, trânsitos, etc.), a viagem faz todo sentido! Só queria ressaltar como é impressionante desconstruir visões cristalizadas. As experiências obtidas na viagem como um todo (não se resumindo somente às atividades do Engenho) me fizeram refletir como um todo no papel do biólogo como educador ambiental, balançou minha visão do que vem primeiro à mente quando se fala de movimentos ambientalistas. Acho que o tema chave para essa discussão é a palavra “sensibilização” e como ela faz toda a diferença. Estar naquele lugar, participar de todas as atividades, as músicas, as pessoas fizeram com que eu tivesse um “link” com o lugar que pessoas que não foram não teriam. Aí que entra em minha opinião uma ferramenta chave não só para o educador ambiental, mas para o licenciado em geral. Cada pessoa atribui um significado para cada conceito, dependendo é claro, de sua experiência, então não adianta nada exaltar o quão é importante um conceito, local etc., se as pessoas simplesmente não têm esse link, não se sentem pertencentes ou atingidas pelo conceito. A sensibilização é uma ótima porta de entrada para conceitos como a sustentabilidade e consciência ambiental, e as atividades que podem ser desenvolvidas afim de estimular isso são de infinitas formas. No engenho vimos somente uma parcela de possibilidades a serem feitas com vários tipos de públicos.
Ao final de tudo isso, o que eu achei legal, é sobre a aula de movimentos ambientalistas quando falamos as primeiras palavras. Eu sempre tive uma visão bem pessimista sobre questões ambientais, mas viagens e atividades como essas me dão no fundo aquela sensação de esperança, e que a sensibilização é uma boa parte para que essa esperança cresça e tome força.
Relato de experiência
por Rodrigo Aziani
Meio Ambiente muitas vezes é tido apenas como relação entre biótico e abiótico. Essa também é uma definição de meio ambiente, mas acredito que seja algo mais profundo. Para mim, entre outras coisas, também está relacionado às interações entre os seres vivos, tanto em uma perspectiva biológica quanto social, onde ambas permitem que exista vida, sendo assim, a questão da preservação e educação ambiental vai muito além de jogar lixo no lixo e não derrubar uma árvore.
A visita às Ruínas do Engenho de São Jorge dos Erasmos foi uma experiência muito legal, porque reafirmou meu conceito de meio ambiente, abrangendo tanto o biológico quanto o social, a começar pela lindíssima paisagem, totalmente diferente do que estou acostumada a ver, morros com vegetação de Mata Atlântica, hoje escassa, clima de litoral e o mar (que eu nunca tinha visto!) me deixaram encantada. Já o engenho, remonta a história do Brasil, e que foi escrita por interações sociais entre as pessoas das mais diversas formas, desde a dominância, escravidão e violência contra os índios (e posteriormente os africanos) que certamente de forma não pacífica foram obrigados a construir o engenho para ser usado na exploração de cana e sua venda na Europa, marcando também uma relação entre os europeus, embora esta com certeza, de certa forma, foi muito mais amigável do que com os índios. E foram essas relações que mesmo trazendo para uns muita dor e para outros riqueza à custa de trabalho escravo, permitiram hoje sermos esse povo tão heterogêneo. Assim, estar naquele ambiente trouxe a sensação não somente de estar em uma aula de história, mas de ser pertencente à história. Estar no local onde se passou tudo o que aprendemos na escola dá outro sentido ao aprendizado.
No seminário sobre movimento ambientalista, todos os grupos falaram sobre conferências e reuniões a nível nacional e internacional, sendo que a maioria deles traziam propostas que não foram cumpridas muitas vezes porque questões econômicas entravam na frente das ambientais. No final da aula, a nuvem de palavras foi composta por algumas palavras que traziam certo ânimo, tais como esperança, consciência, mas boa parte delas abordava sentimentos como incerteza, desânimo, irresponsabilidade. Creio que isso tenha ocorrido porque se formos olhar a nível de reuniões e conferências internacionais, realmente nós não podemos fazer muita coisa, mas na visita ao engenho, uma atividade que me chamou a atenção foi a de leitura e discussão dos textos. Eu li o texto (Re) Conceituando Educação Ambiental (Aziz Ab’saber), e achei muito interessante, porque ele fala justamente sobre isso: “É impossível considerar um corolário de Educação Ambiental exclusivamente em atendendo à escala planetária ou à escala nacional”, mas tudo começa em casa e vai atingindo níveis superiores até chegar ao planetário. O que eu quero dizer com tudo isso é que estar no museu mostrou que a consciência individual pode sim ajudar (e muito) na preservação ambiental, e não só no sentido de ambiente natural não derrubando uma árvore ou jogando lixo no lixo (não que isso não seja essencial) mas o ambiente também no sentido de relações e história humana.
Nos textos lidos sobre conceito de meio ambiente, o que mais foi discutido é que meio ambiente para cada pessoa tem um significado totalmente dependente de sua formação, vivência e cotidiano. Educação ambiental também não foge disso. O jogo realizado no engenho nos mostra claramente essa situação. Fomos recebidos por um educador, e para que ele nos contasse sobre os ataques piratas, foi necessária a contribuição de historiadores. Estes também ajudaram, juntamente com os sociólogos, a desvendar o porquê na mudança de porteiras (que está relacionado com rituais religiosos) dos cadáveres enterrados no cemitério e que foram encontrados pelos arqueólogos. Todo esse trabalho não teria sido retratado com tantos detalhes e nos mostrado se não fossem os fotógrafos. Os planos de construção da base e rampa não estariam prontos se não fossem os engenheiros e arquitetos para fazê-los, e talvez a mata que está se formando lá ao redor novamente porque foi destruída, não estaria lá se não fossem os biólogos que juntamente com geólogos e geógrafos cuidaram também para que os deslizamentos não destruíssem a mata e nem o engenho. Se todos esses profissionais tem uma visão diferente de meio ambiente e todos usam isso em favor da educação ambiental, esta é abordada em todas as suas faces e isso agrega muito mais o conhecimento do público que teve contato com as atividades propostas.
Como o próprio educador quis mostras, falar para as pessoas que preservar o engenho é importante é uma coisa, mas mostrar o porquê da sua importância, o que ele foi e é para o país, o significado de cada pedra daquela, é totalmente diferente, pois isso causa o sentimento de querer preservas nas pessoas, ou seja, desperta a consciência individual que pode ajudar (e muito!) na educação ambiental.
Levando em conta tudo isso, eu acho que a formação do biólogo deveria ser composta de mais experiências como essa proporcionada pela excursão ao engenho, pois permite abrir a mente para que venhamos a criar conceito de meio ambiente e educação ambiental muito mais abrangente e eficiente na ajuda de profissionais com outras visões. Isso, independente se o biólogo em formação atuará ou não na área de educação ambiental, contribui não só para sua profissão, como também para moldá-lo como indivíduo consciente do que é ambiente e como preservá-lo.
O monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos fica localizado na divisa dos munícipios de Santos e São Vicente. Trata-se de um espaço doado a Universidade de São Paulo, há 50 anos, mediante a projetos de pesquisa e extensão para a preservação e conservação de patrimônio cultural, arquitetônico e natural da humanidade.
A visita foi dividida em dois dias, sendo que no primeiro conhecemos um pouco da história do local, os objetivos, como funciona para marcar visitas, vimos um pouco sobre os desafios e metas de cada setor, também vimos alguns eventos e projetos que são realizados ali e como é a adesão da comunidade à esses eventos. Em determinado momento desse primeiro dia fizemos uma visita monitorada, onde a primeira atividade que nos foi proposta foi andar pelas ruinas e tentar entender, a partir de pistas de construção deixadas ali, o motivo do engenho ter tido aquela localização. Depois de um tempo caminhamos em grupo, nesse momento, o André, que é um dos educadores do espaço, explicava para nós um pouco da história do locas nos indagando e fazendo relações com os elementos a nossa volta. Em diversos momentos foram feitas relações com o ambiente como é hoje e a disposição de alguns elementos da cidade, como por exemplo, o porto.
Achei essa parte muito importante para a integração com o meio ambiente. Discutimos muito em sala de aula a dificuldade que muitas vezes observamos do ser humano se colocar como parte do meio ambiente. Quando discutimos os motivos dos nossos antepassados escolherem determinados pontos dentro do ambiente, e o modificarem para diferentes fins, conseguimos ter uma visão mais ampla de como interagimos com esse ambiente e como consequência somos parte integrante desse mesmo. Por exemplo, quando discutimos a localidade do engenho, falamos muito a respeito da proteção que o ambiente oferecia, devido às cadeias montanhosas e também pelo fato dele estar localizado em uma posição alta, onde se consegue observar outros pontos, nesse momento consigo ver muito essa relação que o homem tem com o que o envolve.
Outro fato que acho importante nesse momento é a oportunidade de unir a comunidade com a história que esse local tem para contar. Vale lembrar que por mais que muita coisa que ocorreu no engenho seja uma história antiga, não podemos dá-la como acabada e sim como a história de antepassados, pois entender o que aconteceu é muito importante para fazer relações com fatos que ocorrem atualmente. Quando a comunidade se dá conta que aquele espaço mostra a sua própria história é o momento em que ela se sente parte daquele meio e entender a importância do local e da sua preservação.
No momento em que a comunidade sente-se parte desse meio, entende que ele as pertence, e a importância deste nas suas vidas, é possível que existem trabalhos para que haja um estímulo para uma posterior tomada de consciência para as questões socioambientais. Acredito que nesse momento temos a aplicação do que vimos no segundo dia. Durante a sexta da visita nos foi mostrado algumas atividades realizadas e também tivemos a oportunidade de realizar algumas delas.
No fomos recebidos com músicas do canal do youtube playing for change, onde discutimos um pouco sobre as diversidades culturais e a importância de serem observadas e aceitas. Conseguimos perceber uma relação cultural com o meio ambiente. A partir do momento que conseguimos distinguir, aceitar e respeitar as diversidades culturais, conseguimos fazer relações de como diferentes pessoas apresentam diferentes relações com o meio que as cercam. Eu acho essa observação de extrema importância, pois a partir dela conseguimos direcionar diferentes abordagens para o uso e preservação destas diferentes áreas. Eu acredito que seria muito mais fácil determinar projetos ambientais levando-se em conta a relação que a população local apresenta como o meio, e acho, que dessa forma, a desesperança e o desânimo seria muito menor ao falarmos de movimentos ambientalistas.
Diante do exposto consigo dizer com certeza que essa viagem foi de extrema importância não só pelo fato de amarrar diversos pontos que discutimos em aula mas também para nossa formação como biólogos e também como seres humanos que integram um meio ambiente. Além do que consigo observar o quão crucial é estarmos ligados a projetos de Educação Ambiental para nos tirar de um papel de espectador do que ocorre ao nosso redor para protagonistas de ações que estimulam outros a tomarem consciência para questões socioambientais, gerando assim agentes multiplicadores.
Também achei a viagem muito importante pois mostrou na prática ações e estruturas que muitas vezes, durante a graduação, fica muito no âmbito das ideias. Pois por mais que se fale bastante de extensão na universidade muito raramente eu vejo esses projetos na prática e aplicado de uma forma acessível para toda a comunidade. O que ficou para mim é que é possível integrar a pesquisa e a extensão e que dessa forma é mais fácil com que a comunidade sinta-se parte do que a cerca.